Solidão

Nesses dias de confinamento e isolamento social, estou refletindo sobre muitas coisas. Ainda estando conectados uns com os outros, o sentimento que nos invade ainda é a solidão. Não solidão de estar só, outro tipo de solidão.

Não podemos fazer tudo o que fazíamos antes. Agora, temos que dividir tarefas, temos que dividir-nos. Alguns saem para que outros possam ficar em casa. Alguns ainda podem ver a vida real do portão para fora, depois de que tudo mudou.

Podemos acostumar-nos a estar sós em muitas situações. Mas tudo ganha outra dimensão quando temos que ficar isolados do mundo. Nem todos somos capazes de criar novas rotinas dentro de casa. Isso nos custa a todos.

Os tipos de solidão

Nesses momentos, posso identificar dois tipos de solidão, mas com certeza haverá mais. Estar só e sentir-se só. Por mais que neguemos, estar só pode ser uma decisão exclusivamente nossa. Se for assim, devemos lidar bem isso, com esses vazios que vão ficando com o passar do tempo.

Sentir-se só está relacionado mais com um estado interior. Sente-se só quem não tem um companheiro, sente-se só quem não sai com amigos, sente-se só quando se faz tudo o que uma pessoa normal faz, só. Nem sempre é uma opção.

A sociedade nos impõe que tudo na vida tem seu momento para acontecer, mas nem sempre funciona dessa maneira. Os melhores acontecimentos da vida se dão de maneira natural e quando estamos receptivos, o que tem a ver mais com o tempo emocional do que com o tempo cronológico.

Tempo cronológico versus tempo emocional

O tempo cronológico está ligado ao nosso tempo de vida, à velocidade com que tomamos as coisas, aos ponteiros do relógio. Nosso tempo está dividido em pequenas partes. Todos temos compromissos que cumprir, tarefas a fazer, distrair-se, viajar, descansar.

O tempo emocional é mais subjetivo. É o tempo que levamos para curar nossas feridas, o tempo que levamos para viver emoções mais intensas, o tempo que levamos para desapegar-nos do passado.

Alguns conseguem fazer isso com mais facilidade. Outros, com mais dificultade. Mas o ciclo natural da vida é que todos podemos seguir em frente depois de uma decepção ou bem, aprofundar o momento pelo qual está passando.

Profundidade e superficialidade

Alguma vez, eu acreditei que os sentimentos mais profundos eram os mais duradouros. A vida me ensinou que nem sempre. Às vezes, a profundidade dos momentos está justamente na efemeridade. Em poucas situações, os sentimentos profundos são eternizados porque duraram menos do que deveriam.

A superficilidade das emoções não nos permite evoluir como pessoas. Da mesma maneira que há sentimentos profundos que duram pouco, há sentimentos superficiais que duram muito e acabamos investindo muito tempo em algo que não vale a pena.

Então, é preciso ser inteligente emocionalmente para identificar o que está acontecendo ao nosso redor para que possamos posicionar-nos de uma maneira assertiva, evitando relacionamentos tóxicos. Aqueles que fazem mais mal do que bem.

As emoções podem machucar-nos algumas vezes, mas isso não quer dizer que tenhamos que privar-nos delas, porque, sem dúvida, elas têm muito que ensinar-nos. Ficar só durante um tempo para cicatrizar feridas é muito válido. Aprendemos a conhecer-nos melhor e a fazer melhores escolhas no futuro.

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